A Idade Média é um período histórico que desperta enorme interesse em grande parte da população. Imaginam-se castelos, princesas, intrigas familiares, disputas pelo poder… Muitos chegam até mesmo a dizer que adorariam ter vivido naqueles tempos. Mas, sejamos francos, numa visão mais realista do que ocorria por lá, é bem provável que poucos realmente gostariam disso.
Além da questão da fome, das doenças avassaladoras e da pobreza quase generalizada do povo, o homem medieval ainda era vítima de incontáveis casos de mortes violentas, muitas das quais jamais foram resolvidas pelas autoridades da época.

O projeto é baseado na análise de anos de documentos oficiais de médicos legistas do período. Os arquivos foram organizados (e, em grande parte, decifrados) pelo professor Manuel Eisner, diretor do Centro de Pesquisa sobre Violência da Universidade de Cambridge. Segundo ele, a maioria dos assassinatos da época não tinha uma explicação lógica, sendo, de fato, apenas fruto da vida urbana nas ruas medievais.
“Os eventos descritos nos registros dos legistas mostram que as armas nunca estavam muito longe, que a honra masculina precisava sempre ser protegida, e que os conflitos se tornavam fora de controle muito facilmente”, afirmou Eisner.
Para ilustrar, o professor narra um incidente ocorrido num mictório, no centro de Londres. Um homem chamado William Roe acidentalmente deixou respingar xixi nos sapatos de um outro jovem, que, por óbvio, reclamou. Não gostando da reclamação, William deu então um soco no rapaz. E isso, naturalmente, ocasionou uma briga, a qual terminou com William esfaqueando um terceiro senhor que tinha adentrado o confronto mais tarde.
(As ruas do mercado de Leadenhall eram um dos pontos mais perigosos de Londres no medievo. Foto: Wikimedia Commons/Reprodução)
Embora assustador, o criminologista aponta um lado “positivo” da história: pelo menos as pessoas não tinham acesso às armas de fogo na época. Do contrário, elas com certeza teriam se extinguido completamente em pouquíssimo tempo.
Muito animador, não é mesmo?