Após o terrível tsunami de 2011, no Japão, uma infinidade de barcos sem tripulação foi lançada pelos oceanos e, ao longo dos anos, várias dessas embarcações acabaram por aparecer misteriosamente nos lugares mais improváveis ao redor do mundo.
Em 2012, por exemplo, o gigante navio japonês “Ryou-Un Maru” foi descoberto flutuando na costa do Alasca, tão vazio e inóspito quanto as águas que o circundavam. Por óbvio, os americanos adoraram a novidade e criaram diversas teorias sobre aquele “navio fantasma”.
Mas, como tudo na vida, com o passar dos anos, o fenômeno perdeu o seu encanto, e ninguém mais deu muita importância às novas naus que foram sendo encontradas pelo mundo afora. Isto é, até 2015, quando algo bem sinistro começou a acontecer.
Os japoneses, em especial os habitantes da costa do Mar do Japão, não são lá muito fáceis de se impressionar com assuntos relacionados à morte - eles estão, afinal, habituados a lidar com “fantasmas”. Todos os anos, inúmeros são os casos de pessoas que se suicidam nos penhascos de Tōjinbō, tendo seus corpos, depois, trazidos aos litorais da região com uma frequência assustadora. No entanto, em novembro de 2015, até mesmo essa população viu seu queixo bater no chão.

Dentro dos veículos havia 10 corpos em estado avançado de decomposição - não sendo possível nem mesmo fazer o reconhecimento das vítimas e tampouco descobrir a causa da morte delas. As únicas pistas de suas origens eram dadas por artefatos encontrados dentro dos barcos, como um maço de cigarros e alguns equipamentos surpreendentemente bem preservados.
Os indícios apontavam para uma direção curiosa. Os itens ali eram todos de origem coreana - mais especificamente norte-coreana, e pareciam pertencer a núcleos militares daquele país. Não demorou, portanto, para se formular a teoria de que aqueles cadáveres eram de desertores do regime de Kim Jong-un, os quais buscavam escapar do terrível regime ditatorial. Todavia, as peças do tabuleiro não se encaixavam perfeitamente, afinal a grande maioria dos que tentam fugir da Coreia do Norte busca por rotas terrestres em direção à China, por ser esse um caminho muito mais curto e seguro.

O problema foi, contudo, que os oficiais norte-coreanos seguiam em total despreparo para a atividade, não tendo a bordo suprimentos suficientes nem equipamentos essenciais, como um GPS. “Apenas um idiota pescaria assim”, comentou um pescador experiente diante das condições apresentadas pelos barcos encontrados no Japão. “O governo coreano deve estar forçando-os a fazer isso.”
Após o episódio, o número de embarcações coreanas em estados similares aportando no Japão só fez crescer. Em 2017, foram 44 ocorrências, e, no final de novembro deste ano, 89 incidentes do tipo foram relatados.